Experimento mostra como diferentes odores podem influenciar a percepção visual de emoções

Foto: PxHere


Pesquisadores da USP mediram com que velocidade os participantes do estudo reconheciam expressões de alegria, tristeza, raiva, nojo ou medo. Voluntários foram inadvertidamente expostos a diferentes cheiros durante os testes

Cheiros influenciam a habilidade humana de perceber visualmente e julgar corretamente as emoções de outras pessoas – mesmo que o afetado pelo odor não tenha consciência de sua presença. Fruto da pesquisa de mestrado de Matheus Henrique Ferreira, atualmente doutorando do Instituto de Psicologia (IP) da USP, um artigo com medições detalhadas desse efeito foi publicado na revista Plos One.

“Se estou submetida a um cheiro agradável, minha percepção da emoção agradável melhora”, diz Mirella Gualtieri, doutora em Neurociências e Comportamento e professora de Psicologia Experimental do IP. “O mesmo acontece com os odores desagradáveis, que aprimoram o discernimento de medo e nojo”, explica a cientista, orientadora de Ferreira.

A equipe de pesquisa partiu da premissa de que o estímulo de cheiro tem a característica peculiar de quase sempre estar conectado a um julgamento de agradabilidade. “Podemos ser confrontados com muitas cenas visuais e não necessariamente vamos classificá-las como algo que gostamos ou não de ver, mas frequentemente a única coisa que um indivíduo consegue descrever sobre um determinado cheiro é se é gostoso ou ruim”, afirma Mirella, que desenvolve pesquisa aplicada em psicologia sensorial.

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Fonte: Jornal da USP

Impacto do acúmulo de gordura nas artérias no desempenho cognitivo é maior em pessoas brancas

Os participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) acompanhados entre 2008 e 2018 que apresentaram maior espessura das carótidas tiveram pior desempenho cognitivo, principalmente entre as pessoas brancas

Estudo da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) avaliou a relação entre a espessura das paredes internas das artérias carótidas e a cognição. A medida indica acúmulo de gordura nos vasos que pode levar a infartos ou derrames, tendo como causa colesterol alto, tabagismo, diabetes, hipertensão e até fatores genéticos. Os participantes foram acompanhados entre 2008 e 2018. Os resultados mostraram que aqueles com medida maior dessa espessura no início do estudo apresentaram mais perda cognitiva nos quatro domínios avaliados (memória, fluência verbal, função executiva e domínio global) ao longo dos oito anos de acompanhamento.

Essa relação já havia sido observada em outras pesquisas internacionais, mas a amostra do Elsa-Brasil pôde mostrar, devido à sua maior diversidade, algo inédito: essa associação é maior entre as pessoas brancas que participaram do estudo do que entre as pessoas negras. Ainda são necessários mais estudos para averiguar os motivos dessa diferença.

A pesquisa, conduzida pela pós-doutoranda da FMUSP, Naomi Vidal, usou os dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), levantamento epidemiológico nacional de longo prazo que tem a maior amostra e tempo de avaliação da performance cognitiva no país. 

Os resultados estão sendo apresentados na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, que acontece entre 31 de julho e 04 de agosto, em San Diego, nos Estados Unidos.

Além de Naomi, o artigo Association between common carotid artery intima media thickness and cognitive decline differs by race também é assinado pelos pesquisadores Laiss Bertola, da Unifesp, Itamar Santos, Alessandra Goulart, Marcio Bittencourt e Isabela Judith Martins Bensenor, do Hospital Universitário da USP, Sandhi Maria Barreto e Luana Giatti, da UFMG, Paulo Caramelli, da UEMG, Paulo Lotufo, da Faculdade de Saúde Pública da USP, e Claudia Suemoto, da Faculdade de Medicina da USP.

Na conferência em San Diego, as pesquisadoras também vão apresentar um outro artigo que mostra a relação entre o consumo de ultraprocessados e o declínio cognitivo ao longo do tempo – leia a matéria completa aqui.

Futuros estudos e a importância do Elsa-Brasil

O Elsa-Brasil é um estudo epidemiológico nacional realizado desde 2008 em parceria com várias instituições como USP, UFES, Fiocruz, UFBA, UFMG e UFRGS que acompanha o estado de saúde de cerca de 15 mil funcionários. A ideia é investigar a incidência e fatores de risco para doenças crônicas, em particular, as cardiovasculares (acidente vascular cerebral, hipertensão, arteriosclerose, infarto) e outras associadas. Os participantes, com idades entre 35 e 74 anos, são de várias regiões do País. 

De acordo com Claudia Suemoto, médica graduada pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e pesquisadora do Elsa-Brasil especializada em demências e suas associações com doenças cardiovasculares, todos os estudos do projeto devem ser replicados para o formato longitudinal, de forma que a evolução dos participantes possa ser acompanhada e analisada ao longo do tempo. Ela também cita que está nos planos do projeto começar fazer avaliações cognitivas mais detalhadas com os participantes que apresentarem resultados alarmantes que permitam diagnosticar casos de demência.

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Fonte: Jornal da USP

Vacina contra a gripe reduz em quase 90% o risco de ter Covid-19 grave, aponta estudo

Profissionais de saúde imunizados contra influenza também tiveram 30% menos chance de testar positivo para Covid-19

Um estudo com mais de dois mil profissionais de saúde no Catar mostrou que aqueles que tomaram a vacina da influenza eram cerca de 90% menos propensos a desenvolver Covid-19 grave do que os profissionais que não haviam sido imunizados contra a gripe. O artigo foi publicado na plataforma de preprints MedRxiv e conduzido por especialistas do Hospital Hamad Medical Corporation do Catar, Universidade Weill Cornell Medicine do Catar, Universidade Cornell dos Estados Unidos, entre outras instituições.

O trabalho foi conduzido no final de 2020, antes da aprovação dos imunizantes contra a Covid-19. Os pesquisadores analisaram os registros de 30 mil trabalhadores de saúde do Catar e compararam dados de 518 indivíduos com histórico positivo para Covid-19 e de duas mil pessoas com resultado negativo.

Os profissionais que haviam tomado a vacina contra a gripe naquele ano tiveram 30% menos probabilidade de testar positivo para o vírus SARS-CoV-2 e 89% menos chance de desenvolver a doença grave, em comparação com trabalhadores que não receberam o imunizante, embora o número de casos graves tenha sido baixo em ambos os grupos.

“O estudo feito no Catar é importante, pois demonstra algo que ainda não sabíamos: que uma determinada vacina pode conferir alguma proteção contra um patógeno novo”, afirma a imunologista Ester Sabino, professora do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo. No entanto, ela reforça que se trata de um estudo específico e que ainda é preciso compreender os mecanismos por trás desses resultados.

Outras evidências

O trabalho do Catar corrobora o que já havia sido mostrado em 2020 por pesquisadores brasileiros da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que publicaram um artigo no British Medical Journal relatando uma possível associação entre a vacina da gripe e o risco reduzido de morte em pessoas hospitalizadas com Covid-19 no Brasil.

A equipe analisou um total de 53.752 casos confirmados de Covid-19 e descobriu que os pacientes que haviam recebido recentemente o imunizante da influenza tiveram, em média, 7% menos chance de precisar de tratamento intensivo, 17% menos chance de necessitar de suporte respiratório invasivo e 16% menos risco de óbito. Os efeitos protetores foram maiores entre os pacientes mais jovens e quando a vacina foi administrada após o início dos sintomas.

*Este texto é uma colaboração do jornalista científico Peter Moon para o portal do Butantan

PESQUISADORES DO ELSA-BRASIL VÃO ESTUDAR A RELAÇÃO ENTRE EQUILÍBRIO E AUDIÇÃO

Foto: Reprodução/PxHere

A quarta onda do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) vai continuar com as avaliações por audiometria tonal, além de avaliar também as alterações de equilíbrio que podem estar relacionadas com quedas entre os idosos

Envelhecimento, exposição a ruídos e doenças crônicas são alguns dos fatores que podem contribuir para perdas auditivas. Tentando entender quais desses fatores realmente têm um impacto na audição e de que forma isso acontece, pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) acompanham, desde 2009, voluntários do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil).

O Elsa-Brasil é um estudo de cunho epidemiológico que investiga na população brasileira a incidência e fatores de risco para doenças crônicas, em particular, as cardiovasculares (acidente vascular cerebral, hipertensão, arteriosclerose, infarto, entre outras) e algumas doenças associadas. Os participantes da pesquisa, cerca de 15 mil pessoas de várias regiões do País, com idade entre 35 e 74 anos, serão novamente convocados em agosto para entrevistas e exames que identifiquem uma possível evolução dos fatores de risco para estas doenças – que são consideradas a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo. 

“Estudos longitudinais da audição no Brasil não são feitos. Então, este é um estudo inédito e grande e temos vários parâmetros acompanhados no estudo Elsa, o que nos ajuda a fazer as análises”, conta ao Jornal da USP a professora Alessandra Samelli, líder do estudo relacionado à audição. 

As avaliações já relacionam a perda auditiva a fatores como envelhecimento, doenças crônicas e declínio cognitivo. Agora, na quarta onda do estudo Elsa, em agosto, os pesquisadores vão estudar a relação entre alterações auditivas e equilíbrio. 

“Sabemos que a cóclea, que faz parte do sistema auditivo, está ao lado do aparelho vestibular, que é um dos responsáveis pelo equilíbrio”, explica Alessandra sobre essa nova avaliação. 

Com o envelhecimento, diversos sistemas são afetados e, para o equilíbrio ocorrer, há dependência de parte desses sistemas, como o vestibular e o visual. A análise da relação entre a audição e o equilíbrio pode ajudar a identificar se há uma associação entre esses fatores e descobrir possíveis falhas no equilíbrio do idoso, prevenindo possíveis acidentes. “Um problema muito grande nos idosos são as quedas e entender essa relação pode ser uma forma de evitá-las”, complementa.

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Fonte: Jornal da USP

Estudo apresenta novo alvo terapêutico para tratamento da sepse

Karina Toledo | Agência FAPESP – Uma nova estratégia para prevenir complicações associadas à sepse foi apresentada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e colaboradores em artigo publicado na revista Blood.

A proposta é inibir a ação de uma proteína chamada gasdermina D, o que os autores mostraram ser possível com um medicamento já aprovado para uso humano e originalmente indicado para combater a dependência de álcool: o dissulfiram.

O trabalho foi conduzido no Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP).

“Já sabemos que a droga é segura, pois está em uso desde os anos 1950, e estamos propondo seu reposionamento para o tratamento da sepse. Vimos que funciona nos testes in vitro e em animais. Agora é necessário um ensaio clínico para avaliar sua eficácia em pacientes sépticos”, diz à Agência FAPESP Camila Meirelles Silva, pós-doutoranda no CRID e primeira autora do artigo.

Popularmente conhecida como “infecção generalizada”, a sepse é, na verdade, uma inflamação sistêmica comumente desencadeada por uma infecção bacteriana que saiu de controle. Na tentativa de combater os patógenos, o sistema imune acaba prejudicando o próprio organismo. Nas formas mais graves, os pacientes desenvolvem lesões que comprometem o funcionamento de órgãos vitais, principalmente o pulmão.

Em trabalhos anteriores, a equipe do CRID já havia revelado que um mecanismo imune conhecido como “rede extracelular liberada por neutrófilos” (NET, na sigla em inglês) está diretamente envolvido nas lesões teciduais em pacientes com sepse. Como o próprio nome sugere, a NET é uma estratégia de defesa usada principalmente pelo neutrófilo, um tipo de leucócito capaz de fagocitar bactérias, fungos e vírus. Em algumas situações extremas, essa célula imune morre e o material existente em seu núcleo é lançado para o meio externo na forma de redes, que são tóxicas tanto para os patógenos quanto para as células do organismo.

“Neste novo trabalho, nós desvendamos o mecanismo que possibilita a liberação das NETs, no qual a gasdermina D está diretamente envolvida. Além disso, mostramos que, ao impedir os neutrófilos de liberar essas redes pela inibição da gasdermina D, conseguimos reduzir o nível de lesão tecidual e melhorar o prognóstico”, conta Silva.

Metodologia

Parte dos experimentos foi feita com leucócitos isolados de pacientes com sepse internados há 24 horas – sendo 12 homens e 12 mulheres. As análises feitas em microscópio confocal mostraram as NETs sendo liberadas in vitro por grande parte dessas células. Os testes também indicaram que nos neutrófilos dos pacientes havia uma grande quantidade de gasdermina D na forma ativa – assim como foi observado nos neutrófilos isolados de camundongos sépticos.

“A gasdermina D é uma proteína formadora de poros. Trabalhos anteriores mostraram que, quando essa molécula é ativada na célula, ela forma poros [buracos] na membrana nuclear que permitem a saída do material genético para o citosol. Em seguida, outros poros são abertos pela gasdermina D na membrana plasmática, possibilitando a liberação de todo esse conteúdo para o meio extracelular. Nós comprovamos que na sepse a proteína também atua dessa forma”, relata Silva.

Os experimentos in vivo foram feitos com camundongos submetidos a um procedimento para induzir um quadro de sepse. Parte dos animais expressava normalmente a gasdermina D. Outro grupo era composto de roedores geneticamente modificados para não produzir essa proteína em nenhuma célula do corpo (camundongos nocaute para gasdermina D).

“Quando induzimos a sepse, observamos que os animais nocaute produziam menor quantidade de NET, desenvolviam menos lesão de órgãos [não apresentaram edema pulmonar, ao contrários dos demais] e sobreviviam mais”, conta a pesquisadora.

Testes in vitro com as células dos camundongos nocaute confirmaram que, mesmo na presença de LPS – molécula presente na membrana de bactérias patogênicas que o sistema imune costuma interpretar como um sinal de perigo –, os neutrófilos não se rompem e não liberam suas armadilhas.

Testes de inibição

Dados da literatura científica já indicavam que o dissulfiram tem a capacidade de se ligar à gasdermina D e impedir que a proteína forme poros nas membranas das células. Com base nessas evidências, os cientistas do CRID decidiram testar o efeito da droga no contexto da sepse – doença para a qual ainda não existe um medicamento específico.

Nos testes in vitro, os pesquisadores observaram que, após o tratamento com o fármaco, tanto os neutrófilos humanos quanto os de camundongo paravam de liberar as NETs quando estimulados com LPS.

Em outro experimento, os neutrófilos isolados de pacientes sépticos foram incubados com o medicamento e foi possível observar que o tratamento inibiu o processo de liberação das redes neutrofílicas.

Por último, camundongos com sepse foram tratados com dissulfiram e sua evolução foi comparada com a de roedores não tratados. Nos animais que receberam a droga, observou-se menos lesão tecidual (incluindo menos edema pulmonar), menor quantidade de NET no sangue e melhora no prognóstico (60% sobreviveram, contra 20% no grupo não tratado).

Os resultados despertaram interesse na comunidade científica e motivaram um comentário também publicado na Blood pelos pesquisadores da Alemanha Maksim Klimiankou (University Hospital Tuebingen) e Julia Skokowa (University Hospital Tuebingen).

“Os neutrófilos exercem múltiplas defesas contra patógenos, incluindo fagocitose, produção de espécies reativas de oxigênio, secreção de enzimas bactericidas e formação de NETs. E os neutrófilos pagam um alto preço por todas essas ações defensivas – morrendo durante o processo de digerir, neutralizar e matar invasores. No entanto, nem tudo é perfeito nessa linha de defesa – é quase impossível regular o grau de ativação dos neutrófilos. Uma vez ativados, eles frequentemente exibem fenótipos hipersensíveis, causando efeitos deletérios tanto no local da inflamação quanto sistemicamente, desempenhando um papel essencial no início do processo de disfunção de múltiplos órgãos e na letalidade da sepse. Atacar os mecanismos responsáveis pelos efeitos deletérios dos neutrófilos durante a sepse, preservando outras funções dessas células, pode representar uma terapia valiosa”, afirmam os alemães na revista.

Os resultados da pesquisa foram tema de um podcast produzido pela equipe da Blood.

“Era um medicamento tão barato que a empresa resolveu tirar do mercado e hoje os psiquiatras que tratam dependentes de álcool precisam importar. Como alternativa, estamos negociando com uma farmacêutica nacional o desenvolvimento de uma molécula levemente modificada, que poderia ser patenteada e disponibilizada no mercado nacional”, conta.

Cunha revela ainda que o time do CRID pretende testar se o dissulfiram pode ser usado para prevenir lesões em órgãos de pacientes com COVID-19. Estudo anterior do grupo mostrou que as NETs participam do quadro de inflamação descontrolada desencadeado pelo SARS-CoV-2 (leia mais em: agencia.fapesp.br/33435/).

O artigo Gasdermin D inhibition prevents multiple organ dysfunction during sepsis by blocking NET formation pode ser lido em: https://ashpublications.org/blood/article-abstract/138/25/2702/476604/Gasdermin-D-inhibition-prevents-multiple-organ?redirectedFrom=fulltext.
 Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

Estudo aponta enzimas que promovem o enfraquecimento da aorta abdominal

O estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP contribui para o entendimento da fisiopatologia do aneurisma da aorta abdominal e abre perspectivas para o desenvolvimento, no futuro, de tratamentos farmacológicos – Foto: Wikimedia Commons

O aneurisma da aorta abdominal é uma doença caracterizada pela dilatação da aorta, vaso sanguíneo que sai do coração e passa pelo tórax e abdômen. A comunidade científica busca entender quais os mecanismos envolvidos na dilatação e rompimento desse vaso, pois a doença possui uma taxa de mortalidade acima de 90% e o único tratamento é a intervenção cirúrgica. Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP deram mais um passo para entender essa patologia em um estudo que identificou aumento de duas enzimas no sangue e no local do rompimento da aorta: as metaloproteinases (MMP) 2 e 9.

O trabalho recebeu o Prêmio Paul Dudley White, reconhecimento para o melhor trabalho de cada país participante da conferência internacional Vascular Discovery: From Genes to Medicine 2021 da American Heart Association, realizada entre os dias 22 e 24 de setembro, nos Estados Unidos. A organização americana tem o objetivo de lutar contra as doenças cardiovasculares. 

As MMPs atuam na degradação das proteínas da matriz celular e permitem que as células fiquem unidas. “Com as amostras de sangue e tecido aórtico de todos os pacientes, percebemos que as MMPs 2 e 9 são responsáveis pelo enfraquecimento e perda de elasticidade da parede arterial contribuindo para o desenvolvimento da doença”, afirma a fisioterapeuta Jéssyca Michelon Barbosa, mestranda da FMRP e primeira autora do estudo. 

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Fonte: Jornal da USP

Estudo sobre aplicação da vacina em pessoas com comorbidades

Os primeiros resultados do CovacManaus, um estudo sobre aplicação da vacina contra a Covid-19 em pessoas com comorbidades, foram divulgados. A pesquisa conta com a participação da Ilmd Fiocruz Amazônia.

O objetivo principal dos pesquisadores é identificar se a vacinação em pessoas com comorbidades terá impacto na prevenção das formas graves da doença. Segundo o estudo, entre os vacinados, apenas 2,6% tiveram infecções confirmadas por Covid-19. As principais comorbidades estudadas são a obesidade (72%) e a diabetes (54%). Para a equipe de pesquisadores, os dados avaliados são positivos e reforçam a importância da população continuar se vacinando.

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Fonte: FIOCRUZ

Gostar ou não de uma pessoa pode estar associado a questões genéticas, sugere estudo americano

Em um dos experimentos, os pesquisadores compararam camundongos com e sem mutação no gene PDE11; portadores dessa alteração apresentaram comportamento antissocial em estudos preliminares

O que faz duas pessoas se aproximarem ou serem amigas? Cientistas americanos levantaram a hipótese que essa relação pode ser, em parte, explicada pela genética.

Tudo começou quando Michy Kelly, da Faculdade de Medicina Maryland, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, trabalhava em um projeto para investigar problemas ósseos. Durante os experimentos, ela observou que camundongos portadores de uma mutação do gene PDE11 não interagiam socialmente, além de mostrarem menos interesse em explorar objetos novos.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que camundongos com lesões no hipocampo – uma das regiões do cérebro – tinham comportamento antissocial. Era uma evidência de que a proteína PDE11 atuava nessa região do cérebro.

Michy Kelly e sua equipe decidiram fazer uma série de análises, e uma delas consistia em comparar o comportamento de camundongos com e sem a mutação no gene PDE11.

A professora Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP, fala sobre os resultados dessa interessante pesquisa. (acesse aqui e ouça o podcast).

O artigo, com todas as informações sobre o trabalho, foi publicado na revista Molecular Pshychiatry.

Fonte: Jornal da USP

Proteína que ajuda o vírus zika a entrar na célula pode ser alvo para novos antivirais

Estudo conduzido por grupos da Unicamp e da USP aponta correlação entre as complicações neurológicas do zika e níveis elevados de Gas6 – proteína que facilita a replicação viral. Resultados foram divulgados na revista Brain, Behavior, and Immunity (modelo em 3D do vírus zika) – Fotomontagem: NIH e Wikipedia

Pesquisa contou com cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e desvendou um dos mecanismos pelos quais o vírus zika causa complicações neurológicas em pacientes adultos e microcefalia em fetos

Pesquisa brasileira publicada na revista Brain, Behavior, and Immunity desvenda um dos mecanismos pelos quais o vírus zika causa complicações neurológicas em pacientes adultos e microcefalia em fetos. A descoberta abre a possibilidade para que novos estudos busquem medicamentos capazes de inibir o agravamento da doença.

No trabalho, que teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), os cientistas demonstraram uma correlação entre as complicações neurológicas do zika com níveis elevados de Gas6, uma proteína que ajuda o vírus a entrar nas células. Mostraram ainda que as principais fontes de Gas6 nesses casos são os monócitos periféricos, um grupo de células do sistema imunológico.

Em sua forma ativa, a Gas6 se liga a receptores da família TAM (Axl, Tyro3 e Mer) e, após a entrada nas células, é capaz de reprimir uma resposta inflamatória do organismo, facilitando a replicação viral e levando ao agravamento da infecção por zika.

Capa da edição de agosto da revista Brain, Behavior and Immunity – Foto: Reprodução/Elsevier

“O próprio vírus induz à expressão de Gas6, que aparece em nível maior nos pacientes com a forma grave da doença. Esses níveis estão ligados ao aumento de supressores de sinalização de citocinas [SOCS-1], responsáveis pelo bloqueio das respostas antivirais de interferon tipo 1. Quanto mais potente esse mecanismo, pior o prognóstico do paciente”, explica o professor José Luiz Proença Modena, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um dos orientadores do trabalho.

O estudo teve a participação de três grupos: o coordenado por Modena, que analisou amostras de soro de pacientes com zika, incluindo grávidas; o do professor Fábio Trindade Maranhão Costa, também do IB-Unicamp; e o de Jean Pierre Schatzmann Peron, do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP) e da Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês), um instituto da Rede Pasteur constituído em parceria com a Universidade, que fez testes em camundongos.

Parte dos pesquisadores integra a Rede Zika Unicamp, criada em 2016, após a epidemia no Brasil, para desenvolver pesquisas que contribuam com o enfrentamento dos graves impactos causados na saúde pública pelas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Também teve a cooperação científica do Laboratório de Doenças Infecciosas A*Star, de Cingapura. Essa parceria já resultou em outros estudos publicados, como o que identificou um marcador para zika.

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Fonte: Jornal da USP

Fiocruz participa de estudo sobre coinfecção de tuberculose e Covid-19 


Apesar das restrições impostas em virtude da pandemia, a equipe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Micobacterioses do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) considera 2021 um ano de grandes avanços. “Além da adaptação ao trabalho em home office e da implementação de atendimento remoto para os pacientes, fomos contemplados em diferentes iniciativas nacionais e internacionais. Isso permite a realização de novos estudos para aperfeiçoar o diagnóstico e tratamento da tuberculose, que constitui um grave problema de saúde pública no país”, informou Valeria Rolla, chefe do laboratório.

O grande destaque é o projeto Impacto da Covid-19 nas manifestações clínicas, diagnóstico, desfecho do tratamento e resposta imune para tuberculose pulmonar, que tem como objetivo coletar e armazenar amostras biológicas de pacientes com tuberculose (TB) pulmonar e/ou TB associada à Covid-19 em biorrepositórios localizados nos respectivos países participantes. Todo material será utilizado no entendimento do impacto causado pelo novo coronavírus na resposta imune do hospedeiro associada à tuberculose.

A pesquisa vai recrutar 450 pacientes ao todo, sendo 150 no Laboratório de Pesquisa Clínica em Micobacterioses e no Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 do INI/Fiocruz, 150 no Indian Council of Medical Research/National Institute for Research Tuberculosis (ICMR/NIRT), em Chennai (Índia), e 150 na University of the Witwatersrand, na África do Sul, todos com diagnóstico confirmado de tuberculose pulmonar, com e sem coinfecção pelo novo coronavírus. O estudo, liderado por Valeria, foi selecionado no edital do CNPq para países dos Brics em parceria com a África do Sul e Índia e terá duração de dois anos. Saiba mais sobre esta iniciativa.

Este projeto foi aplicado com sucesso no edital oferecido pela RePORT International Coordination Center (RICC) e receberá financiamento do National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos durante 24 meses. O recurso será disponibilizado através da CRDF Global, uma organização independente sem fins lucrativos que promove proteção, segurança e sustentabilidade por meio da ciência e da inovação.

Por fim, a iniciativa Abricot (Associative Brics Research in Covid-19 and Tuberculosis), vai investigar os efeitos do novo coronavírus, nas formas grave e leve/moderada, na imunopatogênese da tuberculose, e como isso afeta – e se afeta –, os resultados do tratamento da TB. Coordenado por Valeria Rolla, com  as parcerias de Bruno Andrade (Instituto Gonçalo Moniz/Fiocruz Bahia), Timothy Sterling (Vanderbilt Medical Center/EUA), Bavesh Kana (University of the Witwatersrand/África do Sul) e Subash Babu (International Center for Excellence in Research/Índia), o estudo ganha uma inovação que é o uso de swabs para coletar amostras de língua, bochecha e um bochecho com água destilada, para o diagnóstico de tuberculose no Xpert-MTB-RIF Ultra (versão mais moderna de teste recomendado pela Organização Mundial da Saúde para detectar simultaneamente Mycobacterium tuberculosis e resistência à rifampicina – medicamento para tratar a doença – em pessoas com diagnóstico de tuberculose). A utilidade será importante para aqueles doentes internados, dispneicos e incapazes de obter amostras respiratórias, entre outras, mesmo em nível ambulatorial e que sejam incapazes de fornecer escarro.

A pesquisa já foi iniciada no Laboratório de Pesquisa Clínica em Micobacterioses do INI/Fiocruz, devida a rápida aprovação pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), e aguarda a aceitação nos demais países colaboradores. “Esse tipo de iniciativa valoriza os países dos Brics, que ainda têm alta carga de tuberculose, fortalecendo as parcerias e estreitando colaborações futuras com a nossa unidade”, concluiu Valeria.

Antonio Fuchs e Juana Portugal (INI/Fiocruz)
Agência Fiocruz de Notícias